Eron Pereira Advogados • 12 de agosto de 2025

O tarifaço americano pode afetar o meu emprego?

O tarifaço americano pode afetar o meu emprego

Sim. A crise causada pelo tarifaço dos EUA pode gerar demissões e cortes salariais em setores estratégicos da indústria brasileira, principalmente no ABC Paulista.

O termo “tarifaço americano” refere-se à ameaça de aumento significativo das tarifas de importação aplicadas pelos Estados Unidos a produtos brasileiros. Essa medida surge no contexto de um reposicionamento político dos EUA em ano eleitoral, com discursos de viés protecionista voltados à valorização da indústria nacional. Embora apresentada como defesa do setor produtivo, a proposta tem motivação estratégica e eleitoral, e não necessariamente corresponde a uma pressão direta do setor industrial norte-americano.


A possível aplicação dessas tarifas gera insegurança jurídica e econômica para empresas brasileiras que dependem das exportações, especialmente nos setores metalúrgico, automotivo, agroindustrial e químico. Essas empresas, temendo perdas contratuais e desequilíbrio financeiro, iniciam cortes de produção, suspensão de contratos e, em casos mais graves, demissões.


Essa crise internacional, embora tenha origem externa, impacta diretamente o trabalhador brasileiro, principalmente nas regiões industriais como o ABC Paulista. Diante disso, é fundamental entender os direitos previstos na CLT e buscar proteção diante de possíveis abusos disfarçados de “necessidade econômica”.


O trabalhador da indústria corre mais risco com o tarifaço?

Sim. Os trabalhadores da indústria, especialmente em setores que exportam para os EUA, são os mais vulneráveis aos efeitos do tarifaço. O Brasil é um importante fornecedor de aço, peças automotivas e produtos alimentícios processados. Com a possibilidade de sobretaxa, empresas perdem competitividade e contratos internacionais, o que desencadeia reorganizações internas, cortes de turnos e desligamentos.


Além disso, mesmo quando não há demissão, a crise pode servir de justificativa para tentativas ilegais de redução de salário, aumento de jornada ou retirada de benefícios. Muitos trabalhadores, por medo de perder o emprego, acabam aceitando essas mudanças sem saber que são proibidas sem acordo formal.


A legislação brasileira garante que qualquer alteração contratual prejudicial ao trabalhador só pode ser feita com acordo coletivo ou respaldo legal específico. Cortes unilaterais e imposições feitas sob pressão são passíveis de anulação na Justiça do Trabalho.


Quais setores estão mais expostos aos efeitos do tarifaço?

O impacto do tarifaço atinge de forma mais intensa os setores com forte dependência do comércio exterior, em especial:

  • Metalúrgico e Siderúrgico: afeta diretamente a exportação de aço e alumínio.

  • Automotivo e Autopeças: queda de contratos com montadoras estrangeiras.

  • Agroindustrial: sobretaxas em alimentos processados, etanol, couro e derivados.

  • Químico e Plástico: redução na exportação de compostos industriais.

  • Energia e Equipamentos Industriais: instabilidade na cadeia de produção e fornecimento.

Esses segmentos concentram milhares de postos de trabalho, principalmente em regiões como o ABC Paulista. Em resposta à instabilidade internacional, empresas desses setores já vêm adotando medidas que colocam em risco a estabilidade dos contratos de trabalho.


O que a empresa pode e não pode fazer durante a crise internacional?

Mesmo em momentos de crise, o empregador não pode agir fora da lei. A redução de salário ou jornada, por exemplo, só é permitida com acordo coletivo homologado ou dentro de programas excepcionais autorizados por legislação específica. A demissão em massa também exige negociação prévia com o sindicato da categoria.


Medidas como a pejotização forçada (substituição do contrato CLT por contrato PJ para reduzir custos) são consideradas ilegais quando o vínculo de subordinação se mantém. Além disso, práticas de assédio moral institucional, como pressão desmedida, humilhação pública ou ameaças de corte, podem gerar direito a indenização por danos morais.


O trabalhador deve observar com atenção qualquer mudança no contrato, e buscar orientação jurídica se houver dúvidas. A Justiça do Trabalho costuma reverter medidas unilaterais e abusivas, mesmo em contextos de crise econômica.


Como o trabalhador pode agir para se proteger?

  1. Acompanhar de perto qualquer alteração contratual, incluindo mudanças no salário, jornada ou benefícios.

  2. Guardar contracheques, mensagens e comunicados internos que provem tentativa de imposição de mudanças.

  3. Evitar assinar acordos sob pressão, principalmente demissões ou contratos PJ.

  4. Buscar apoio do sindicato para mediações em casos de cortes coletivos ou reduções de jornada.

  5. Consultar um advogado trabalhista para avaliar a legalidade das medidas adotadas pela empresa.

  6. Documentar situações de abuso ou assédio, com prints, gravações e testemunhas.

  7. Reagir dentro do prazo legal, pois muitos direitos têm prazos curtos para serem reivindicados.

O que diz a Justiça do Trabalho sobre demissões e cortes em tempos de crise?

A jurisprudência da Justiça do Trabalho tem sido firme ao afirmar que a crise econômica não justifica a violação dos direitos trabalhistas básicos. O STF já decidiu que demissões em massa precisam ser precedidas de negociação coletiva com os sindicatos. Cortes salariais unilaterais, pejotização forçada e práticas de assédio continuam sendo ilegais, mesmo que motivadas por dificuldades financeiras da empresa.


Em ações recentes, tribunais têm reconhecido o direito à reintegração, à recomposição salarial e ao pagamento de verbas retroativas, quando se prova que houve conduta abusiva por parte do empregador. Ou seja, mesmo diante de fatores externos como o tarifaço, o contrato de trabalho permanece protegido pela legislação brasileira.


Advogado trabalhista para defender seus direitos em tempos de tarifaço

O escritório Eron Pereira Advogados atua de forma técnica e estratégica na defesa dos trabalhadores afetados por crises econômicas e instabilidades internacionais. Com experiência em demissões em massa, cortes salariais, assédio moral e pejotização forçada, oferecemos suporte jurídico completo para quem teve seus direitos violados.


Se você foi impactado por mudanças em seu contrato ou teme ser demitido devido ao tarifaço americano, fale com nossa equipe. Avaliamos seu caso com atenção, sigilo e compromisso com a Justiça. Em tempos de incerteza, orientação jurídica qualificada é essencial para proteger o que é seu por direito.


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